19 de abril de 2011

Degustando Símbolos

O ato de alimentar-se não só satisfaz a necessidade do corpo como também da mente (nesse caso de uma curiosa – Eu!). Quero dizer que o ser humano em particular, constrói em torno da refeição uma série de simbolismos. De modo que cada atitude à mesa, utensílio utilizado e prato servido representam uma ideia. Como se fosse uma mensagem subliminar impregnada em cada gesto, objeto e alimento. Trata-se da representação mental gerada culturalmente. E cultura nada mais é que entendimento desenvolvido. Logo, penso que os episódios vividos pela sociedade original foram inseridos nas sociedades subsequêntes – passado de geração em geração.

Baseado nessas reflexões é possível assimilar a alimentação como verdadeiro ritual no qual tudo tem significado.

Permitam-me abrir um parêntese. Tratemos as religiões (com toda imparcialidade, claro!). As religiões podem ser consideradas formas de sociedade, partindo do conceito de que são constituídas de indivíduos que partilham leis comuns.

Agora me permitam uma comparação. Na dieta judaica, por exemplo, há os alimentos impuros e puros. Os primeiros são, entre outros, carne de porco, sangue e misturas de carne e leite. A separação se estende inclusive aos objetos usados no preparo dos alimentos. A faca que corta a carne não passa a manteiga nem corta a caixinha de leite. Os judeus ensinam que o lar é como um pequeno santuário, sabe!? Onde a mesa é tipo um altar. O maior cuidado deve ser tomado para que somente o que estiver de acordo com a lei judaica seja ofertado sobre o "altar do templo". Portanto, deve-se cuidar para que somente o “puro” seja levado à mesa. Nada de picanha mal passada, leitoa desossada à pururuca, estrogonofe... 

Esta separação entre lícito e ilícito, por assim dizer, é determinada pelo deus de cada grupo religioso. A interpretação difere, mas o símbolo é o mesmo, saca?
Olha só: em muitos terreiros de candomblé, o local onde são preparadas as comidas dos orixás é o mesmo onde são feitas as comidas do dia a dia. A separação, porém, é realizada de forma bastante visível e determinada. Muitas vezes se reserva para as comidas de santo um fogão especial, enquanto a outra permanece num fogão menor. É muito difícil encontrar as panelas dos orixás junto de outras panelas, bem como misturar os utensílios destas duas cozinhas. Também ocorrem preferências e repugnâncias por determinados alimentos. Uma mesma oferenda pode ser servida a um orixá e ser considerada uma grande ofensa se oferecida a outro. Eu também ia rodar a baiana – com o perdão do trocadilho. 

Assim como no judaísmo, membros do candomblé têm sua alimentação diferenciada de acordo com o período da vida religiosa que está passando. Visto que tanto numa crença quanto na outra acontecem divisões por hierarquia. Lá em casa também é assim. Existe um nível de hierarquia. No caso, meu pai, mais velho e mais sábio, cozinha. E eu, mais jovem e em fase de crescimento (lateral), como... Tudo (!)

Estudando esse tema, fiquei divagando e me peguei pensando quão importante é uma boa comilança na caracterização de uma comunidade. E notemos: as diversas religiões até se distinguem na crença, porém não no protocolo!

Esse papo abriu meu apetite! Tem um fast food no melhor estilo estadunidense me esperando ali na esquina!
  

5 de abril de 2011

Eu. Sem açúcar!

Veja aí pra mim: uma xícara de personalidade com uma colher de mau pra quebrar um pouco do bom. E bastante inconstância pr'eu não sentir o gosto da rotina. Ah! Também veja uma porção de saudade que é pra lembrar o sabor de ontem! Vou consumir agora. Amanhã pode ser tarde. Mas em todo caso coloca meia dúzia de sonhos na sacola - vai que o futuro existe, né?! Põe tudo na minha conta. Sempre pago pra ver.